Coolture Trip: O Projeto De Vida De Uma Mulher
Durante um evento, uma voz feminina se faz ouvir… “Não precisa nos incluir, a gente sempre esteve aqui. Pois na verdade sempre estivemos na cena, às vezes não muito respeitadas, às vezes sem espaço, sem voz. Mas sempre estivemos presentes. Nos fortalecemos entre nós e onde pisa uma mulher, pisam várias outras juntas, os degraus mudaram e nós aprendemos a subir e a levar muitas com a gente. Acredito que quando pararmos de entender o Breaking como algo masculino, teremos uma evolução!”, essa declaração saiu da incrível fotógrafa Bruna Ferreira que é o rosto, o corpo e o coração do “Coolture Trip”. Sua fotografia inspira, emociona e apresenta a Cultura Hip-Hop de uma forma singular. Da máquina fotográfica, Bruna fez suas asas e voou bem longe…
Confira a entrevista:
BW: Queria que você falasse um pouco da sua história, onde nasceu, como foi sua infância e quando teve o primeiro contato com a Cultura Hip-Hop?
Bruna: Bem, eu sou do interior do Rio Grande do Sul, da cidade de São Borja, fronteira com a Argentina e com 11 anos vim morar em Bento Gonçalves, a 100 quilômetros da capital, Porto Alegre. Minha infância foi muito boa, graças a Deus e ao empenho dos meus pais nunca nos faltou nada, família sempre unida, valores, respeito e educação estiveram sempre presentes na nossa casa. Na fronteira as oportunidades, principalmente de trabalho, para os meus pais ficaram escassas e Bento sempre teve muito trabalho devido as indústrias instaladas aqui. Minha madrinha já morava na cidade e nos abriu as portas para essa nova vida, buscando uma melhor qualidade de vida, estudos e oportunidades para a família viemos então eu, meus pais e minha irmã no ano de 2009.
Na história da Bruna: o Breaking, Graffiti e a paixão pela fotografia.
BW: Que elementos da cultura no início te chamaram mais atenção
Bruna: Conhecer e me envolver em arte e cultura não era algo que eu almejava quando criança, não tinha referências na família e quando via algo “artístico” na TV, era legal mas algo que pra mim não era alcançável, ou pelo menos não tinha essa visão de querer/poder ser “artista”. E quando me mudei, logo que entrei na escola fiz parte de projetos sociais no contra turno escolar, o que me possibilitou ter acesso a música, dança, teatro… Na escola de ensino fundamental que eu frequentava, a arte era muito incentivada, principalmente a dança e todos os anos o grupo de Breaking “Elemente B Crew”, muito significativo na história do Breaking da cidade, fazia apresentações e trazia pessoas de fora pra dançar para o pessoal que assistia um espetáculo de dança feito pelos alunos, por causa desse espetáculo aonde as turmas tinham que montar coreografias e etc., a gente consumia dança o ano inteiro, isso nos incentivava a pesquisar e assistir vídeos, estudar, etc. E por meio dessas artes conheci o Hip-Hop, uma amiga frequentava um estúdio de dança da cidade onde estava instalada a Nest Panos e a maioria dos B-Boys da cidade treinava e se reunia, esses mesmos que se apresentavam na escola e frequentando o estúdio pude ver a estética do Graffiti, saber que dentro do Hip-Hop se subdividiam outras danças e outras formas de expressão que não só a dança.
BW: Pessoas te influenciaram a se envolver com a cena?
Bruna: Logo que eu conheci o Hip-Hop entrei pra um estúdio de dança, depois desenvolvi mais o Breaking, inclusive fazia aulas com o Pedrinho, também fazia Graffiti, mas depois que decidi ficar na fotografia abandonei os outros elementos (risos). Desde o início eu tive muita influência, da escola do ensino fundamental, das pessoas que eu conheci que tinham o gosto pela dança em comum, comecei a fazer aula e as amizades aumentaram. Então, no meio que eu estava, meus amigos todos tinham envolvimento com o estúdio, com a dança, com “função e furdunço” (risos) então, meio que era inevitável seguir esse caminho.
BW: Como sua família via o seu contato com a Cultura Hip-Hop? Eles apoiavam?
Bruna: Logo depois que saí do projeto social comecei a trabalhar com teatro, com 14 anos. Então meus pais viam a arte com outros olhos, eu apresentava espetáculos em grandes feiras, participei de festivais de teatro, escolas e trabalhei 4 anos como atriz profissional no passeio turístico bem conhecido aqui de Bento, que é a “Maria Fumaça”, um trem a vapor que oferece um passeio turístico apresentando em pequenos espetáculos de arte a história da região dentro dos vagões. Comecei no Hip-Hop na verdade dançando, dancei em companhias e depois fui para o Breaking em um curto período, fiz Graffiti, até me encontrar na fotografia. Eu comecei a trabalhar com 12 anos e nunca precisei ajudar meus pais financeiramente, além de admirarem o que eu fazia, esse foi também um suporte, muitas vezes eu tinha despesas com as viagens, figurinos etc. e conseguia pagar com meu dinheiro e sempre fui muito responsável, então, eles sempre permitiam minha participação em viagens e qualquer ação que envolvesse arte. Por ser menina, sempre há um maior cuidado, mas eles confiaram em mim e sabiam que eu confiaria neles para me auxiliar em qualquer problema, acho que esse foi o maior suporte deles que eu tive.
“O William me presenteou com a primeira câmera e chorei muito…”
BW: Quando surgiu o interesse e o amor pela fotografia?
Bruna: Na verdade, o interesse por fotografia veio porque um amigo meu, o Igui, que também frequentava a Vico (na época eu treinava na Vico também) comprou uma câmera, e às vezes levava pra cypher. Pra matar treino eu pedia emprestada (risos) e ficava tirando foto ao invés de treinar (mais risos). Olhava uns vídeos no YouTube de fotografia, mas por não ter referências de fotógrafos, eu não conhecia nenhum, achava tudo muito inacessível, equipamentos muito caros e só não levava adiante a ideia de seguir. Na época eu já me envolvia com a Nest e despertou o interesse de usar a fotografia, não só pra fazer fotos dos momentos de descontração, mas também pra loja, para colocar na internet a foto dos produtos e eu usava uma digital da minha mãe, aquelas tipo TekPix (risos), daí levava pra loja, acabava fazendo algumas fotos dos treinos e assim, em 2015, o William me presenteou com a primeira câmera, chorei muito por dois motivos: porque eu sempre choro e também porque não esperava mesmo, fiquei muito feliz. A maior surpresa foi que eu não sabia nem ligar a tal câmera (risos) porque era de uma marca diferente da do Igui e então no outro dia comecei a estudar e pensei: agora que eu tenho as ferramentas preciso aprender esse negócio.
BW: Onde e com quem aprendeu a fotografar?
Bruna: Fiz muitos workshops, aqui na minha região tem fotógrafos muito bons e bem famosos na verdade, que sempre abriam turmas para aulas e eu sempre que podia estava. Fazia cursos sobre fotografia de casamento e aplicava tudo em Breaking.
BW: Fotografar B-Boys e B-Girls, fazer fotografia urbana é diferente de fotografar outras coisas? Exige um conhecimento diferenciado para fotografar dançarinos?
Bruna: Os workshops que eu fiz, nenhum falava sobre dança nem nada parecido com a estética que temos no Hip-Hop, mas me ajudou muito em questão técnica, de edição das imagens, então, na minha cabeça eu aprendia tudo e convertia pra minha vivência. Com certeza é muito diferente e nosso meio carece de pessoas com competência aliada à vivência da parada, que ensine fotografia com técnica e com direção, com objetivo em Breaking, em Graffiti, em Hip-Hop. Pra não ter hoje que percorrer todo caminho que eu percorri. Sempre que possível a gente faz workshops aqui pra molecada e inclusive a Ramoni está dando uns passinhos agora na fotografia e tal, por causa dessas oportunidades. Workshop de fotografia não é barato e se a gente puder se fortalecer pra somar, melhor ainda.
Muitos foram os desafios e conquistas de Bruna no coletivo
BW: Me fale um pouco do seu trabalho junto ao Coletivo Nest Panos. Desde quando você caminha junto e o que faz dentro do coletivo?
Bruna: Eu entrei pra Nest ali por 2012 eu acho, sou péssima com datas, o cara que sabe todas as datas na Nest é o Pedrinho (risos). Eu comecei na loja, gravando DVD de evento tipo BOTY, vídeo aula do Focus, documentários tipo “The Freshest Kids”, que a Nest distribuía para a gurizada nos eventos e vendia a R$5,00 pra geral. Depois, fui evoluindo (risos), cuidava do stand nos eventos, fazia umas fotos dos produtos com a câmera digital da minha mãe mesmo, fui estudando, comecei a fazer fotos mais legais, então montamos o e-commerce no site, fazia as matérias, comecei a fazer parte da organização dos eventos e no mais aonde eu podia ajudar, eu estava envolvida. Hoje faço parte da manutenção do site, gerencio o sistema da loja, produzo todo o material de fotografia da marca, faço parte da produção dos eventos e dobro roupas muito bem. O meu cargo oficial é fazer o que precisa ser feito (risos).
BW: No seu perfil do Facebook está escrito “Projeto de Vida – Coolture Trip”. Fale sobre esse projeto.
Bruna: Coolture Trip é meu projeto de vida pois foi o que eu escolhi pra dar sentido a ela. Não está à venda, se eu tiver grana ou não, ele vai existir igual, é algo que eu faço do fundo do coração por uma cena que eu amo, que eu acredito e que por meio do projeto eu sinto que posso contribuir para que ela seja melhor e maior.
O destaque num meio predominantemente masculino foi conquistado com muita garra e determinação
BW: A Cultura Hip-Hop é dominada pelo sexo masculino, alguma vez se sentiu discriminada dentro da cena pelo fato de ser mulher?
Bruna: Sempre que debatemos sobre a mulher no Hip-Hop eu lembro de agradecer, pois fui acolhida num ambiente que jamais fui desrespeitada. Óbvio que meu espaço foi conquistado, nem sempre eu tinha voz, mas quando eu afirmo que tive sorte no coletivo, foi que tivemos conversas sobre o assunto e foi possível pouco a pouco muitas mudanças por meio de debates feministas, de questões muito importantes a serem levantadas e ouvidas. Acho que o principal pra mim foi ter representações femininas na cena, pois os homens ao meu redor me tratavam de igual pra igual, mas ainda eram vários homens, eu precisava de espelho, de ver outras minas pra poder me sentir parte, pra sentir que eu “poderia” ser parte e que qualquer outra mina também. Com a Coolture Trip, pelo fato do nome nem o logo ser o que a sociedade associa como “feminino”, todos os elogios são direcionados a um mano, já teve casos aonde pessoas vinham elogiar o trampo, fazer perguntas sobre ele e quando eu me apresentava Bruna, as pessoas não respondiam mais (risos). Nunca dei muita atenção a isso, me importo com o trampo tocar as pessoas e ser bom, mas com o tempo percebi que o fato das pessoas associarem o trampo automaticamente a um homem não era tão legal, eles precisavam saber que o trampo bom era de uma mulher e comecei a mostrar mais meu rosto.
BW: Vocês fizeram uma exposição no Sesc de Bento Gonçalves chamada “Rolê Coolture Trip” que não mostra apenas dança, mas toda a movimentação, todo o rolê que acontecia no meio de uma praça. Nos conte como foi a preparação do material dessa exposição até ela acontecer de fato. Nos conte essa experiência?
Bruna: O Rolê Coolture Trip foi uma das ações mais da hora que fizemos. O Pedrinho escreveu um projeto onde nos possibilitou um apoio em várias viagens, as telas foram feitas justamente pensando no transporte e durabilidade, inclusive na exposição de Esteio dois quadros ficaram expostos na área externa, como foram feitos de PVC, podem pegar chuva e sol e foi um diferencial bacana dessa expo. As fotos que compõem a expo foram as que mais tinham a ver com a ideia do rolê que é a cypher, pois quando a galera se reúne para dançar na Vico, não é só isso que acontece, a praça tem pessoas, têm crianças que geralmente interagem com a música, com a galera conversando e trocando ideia, que pega um adesivo pra levar pra casa ou que só fica olhando mesmo. São 10 obras de 1 metro quadrado mais ou menos, com a ambientação de folhas, plantas, para que trouxesse um pouco da praça para galeria. Fizemos horas e horas de viagem pra todas elas, pra São José do Rio Preto mais de 30h de carro, pro Uruguai são 12h, então rodamos alguns quilômetros para fazer a função (risos).
No Brasil ou no Uruguai, Bruna sempre leva na bagagem sua arte e seu olhar diferenciado
BW: Fale sobre o livro “Nossa Casa: Cypher Vico” lançado em 2018. O porquê desse nome e fale com detalhe dessa Cypher.
Bruna: O livro foi nossa maior realização. Depois que me interessei por fotografia, vi que fotografia e Hip-Hop não andavam tão separados assim e que inclusive tinham ótimas referências de fotógrafos e fotógrafas que foram da cena, na década de 70/80, com histórias ligadas diretamente ao Hip-Hop. Martha Cooper e Henry Chalfant com Subway Art, depois Hip-Hop Files, ajudaram a propagar o Hip-Hop para o mundo e também entender o que ele era na década de 70, logo na sequência veio Sue Kwon, Ricky Powell que faziam fotos das capas dos discos de grupos de Rap e que também foram responsáveis por nos dar dados e informações históricas quanto a vivência Hip-Hop desses ícones e enfim, a lista é grande e eu queria fazer parte dessa lista com a minha fotografia nos dias de hoje. A gente falava meio que brincando “Bah! Já pensou um livro!”, mas assim como ser fotógrafa para mim não era algo acessível, talvez eu não acreditasse muito na minha capacidade… E aí a galera do coletivo incentivou, me auxiliaram a montar um projeto e da primeira vez que enviamos ele não passou, 2017 reformulamos o projeto, a ideia amadureceu, deu tudo certo, por meio do Fundo de Cultura da minha cidade consegui a verba para a impressão do livro. 2018 executei ele entre captação e impressão no mesmo ano, e foi loucura. Eu fiz desde os textos até os vídeos (ele tem QR Codes espalhados aonde quando você escaneia com o celular tem acesso a vídeos exclusivos de quem tem o livro), a diagramação (inclusive eu aprendi a diagramar o livro 4 dias antes do prazo pra enviar ele pra editora, eu mal tomava banho, só fazia as coisas do livro), as entrevistas, as fotos… A capa e a arte do lançamento ficou por conta do Oneroc, tenho muito orgulho de quase tudo ter sido feito por mim, mas não vou repetir essa façanha (risos) foi insano o processo todo dentro de um prazo muito pequeno.
BW: Como foram as exposições? Como foi apresentar a cultura a pessoas que não conheciam a cena? De que forma foi feito isso?
Bruna: No Rolê Coolture Trip a gente passou não só por lugares familiares como a Casa do Hip-Hop de Esteio, como também pelo SESC, Dom Quixote Livraria e Casa de Criar, que são lugares que recebem artistas de diversas áreas, portanto têm um público diverso, nem sempre simpatizante de Hip-Hop. Então, a experiência mais da hora que tivemos foi apresentar cultura urbana pra pessoas que não faziam ideia de como ela é expressiva e nem de que estaríamos ocupando galerias de arte. Foi uma honra ser recebida nos lugares com carinho, apresentando a minha vida, a nossa vida. Senhorinhas compraram o livro, elogiaram muito o trabalho, assim como na Casa de Criar tivemos alunos de faculdade fazendo perguntas sobre o material das obras, também sobre técnicas de fotografia. Então foram experiências bem diversas mas ao mesmo tempo complementares: falávamos sobre o mesmo assunto sempre, mas em cada lugar ele era recebido e abordado de formas diferentes.
BW: Fale sobre o seu sentimento de levar o seu trabalho para outros estados como São Paulo e até outros países?
Bruna: Mostrar as fotografias da Vico, de Breaking para cada vez mais pessoas e cada vez mais longe é algo que me deixa realizada. Com a Nest já tive a oportunidade de rodar muitos lugares do Brasil, mas ir com a exposição da Coolture Trip é diferente, como se fosse a minha contribuição pessoal para a cena. Em outra oportunidade, já tínhamos feito dentro de um Battle in the Cypher o lançamento do livro, na Casa do Hip-Hop de Diadema, aonde eu com meus 22 anos apresentei o livro para inspirações como Rooney, o Jaspion, o Casper, em Minas Gerais tive a honra de conhecer e falar do livro pro P.MC e foi a maior responsa, nunca vou esquecer esses momentos, aonde eu com tão pouco tempo na cena pude realizar coisas significativas e apresentá-las para pessoas que eu conhecia só pelo YouTube, por documentários, tão importantes pra cena do Brasil.
Em meio a pandemia, adaptação e novos rumos para o futuro
BW: Vocês saíram do Brasil e foram para o Uruguai. Uau!!! Como foi levar essa exposição para outro país? Você e a B-Girl Ramoni, duas mulheres, uma ministrando workshop e outra à frente de todas as coisas. Como foi essa troca de mulheres brasileiras com mulheres uruguaias
Bruna: Meu primeiro contato com o Hip-Hop do Uruguai foi por meio da Viky, B-Girl, MC e escritora de Graffiti lá de Montevideo, que desde 2012 não falha um Battle in the Cypher aqui em Bento (risos), foi por meio dela que eu senti (e sinto até hoje) aquele orgulho de ser quem eu sou, aquela sensação de que: “eu sou porque nós somos”. Conhecer a Viky aqui, ver tudo que ela é e representa e depois ter a oportunidade de conhecer Montevideo e tantas mulheres “fodas” que tem lá, me fez ter uma ligação muito forte com a representatividade feminina na cena e fazer a exposição lá foi só uma consequência dessa ligação. As mulheres do Hip-Hop no Uruguai sempre me inspiraram desde que as conheci, e ir pra lá ou recebê-las aqui é sempre especial.
BW: Como você vê a presença das mulheres hoje dentro da Cultura Hip-Hop? O que é necessário alcançar? São vistas e respeitadas?
Bruna: Falei em uma oportunidade algo do tipo: não precisa nos incluir, a gente sempre esteve aqui. Pois na verdade sempre estivemos na cena, às vezes não muito respeitadas, às vezes sem espaço, sem voz. Mas essa ascensão feminina não é de hoje, aonde víamos uma mulher pode ter certeza que tinham várias, nem sempre com a mesma visibilidade, essa visibilidade aumentou porque nos fortalecemos, acho que como Hip-Hop aprendemos e seguimos aprendendo a olhar mais para as mulheres e por isso vemos mais. Nos fortalecemos entre nós, o que faz com que aonde uma mulher pisa, leva várias junto, os degraus mudaram e a gente aprendeu a subir e a levar outras com a gente. Acredito que quando pararmos de entender o Breaking como algo masculino, teremos uma evolução significativa na visão perante as mulheres e isso é mais difícil do que aceitá-las (risos), mas eu acredito nessa desconstrução e farei o que estiver ao meu alcance pra mudar essa percepção. Seja por meio da fotografia ou nesses lugares de fala.
BW: Quais são os planos para o futuro?
Bruna: O plano já traçado é o segundo livro (risos), nesse momento estamos montando um mini documentário que é uma releitura do Faces da Cypher de 2018 do livro, só que com todo esse “novo mundo” que a pandemia nos mostrou. Tínhamos viagens e o início das captações do segundo livro já programadas, o livro será sobre cypher também mas em escala nacional, fotografando essas cyphers independentes pelo Brasil. Mas tivemos que adiar por motivos óbvios. Já temos o primeiro roteiro programado e assim que for possível, começarão as captações, primeiro no Sul (Rio Grande do Sul, Paraná e Santa Catarina). Esse imagino ser possível com 5 anos de trabalho. Quero aproveitar bastante o processo e o tempo deverá ser estendido porque precisamos sempre captar recursos e fazer os corres de grana pra poder pagar as viagens, que deverão ser feitas para o projeto acontecer.
Fotos: Arquivo Pessoal